quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Resenha - Os Três


Quinta-Feira Negra. O dia que nunca será esquecido. O dia em que quatro aviões caem, quase no mesmo instante, em quatro pontos diferentes do mundo. Há apenas quatro sobreviventes. Três são crianças. Elas emergem dos destroços aparentemente ilesas, mas sofreram uma transformação. A quarta pessoa é Pamela May Donald, que só vive tempo suficiente para deixar um alerta em seu celular: Eles estão aqui. O menino. O menino, vigiem o menino, vigiem as pessoas mortas, ah, meu Deus, elas são tantas... Estão vindo me pegar agora. Vamos todos embora logo. Todos nós. Pastor Len, avise a eles que o menino, não é para ele... Essa mensagem irá mudar completamente o mundo. 




Após Pamela May Donald ter deixado uma mensagem um tanto quanto peculiar em seu celular sobre os sobreviventes dos quatro acidentes aeronáuticos que ocorreram simultaneamente em quatro continentes distintos do planeta passa também a fazer parte da contagem de corpos empilhados para o reconhecimento de falecidos provenientes da fatalidade. A moça, que tentou apenas alertar para os perigos que seguiriam as tragédias, não sobreviveu para contar, de fato, o que sabia a respeito dos Três. A tríade infantil que supreendentemente saiu ilesa de seus respectivos aviões e que teve a vida revirada de cima a baixo, comentada, especulada e sondada por toda a mídia mundial.

O suspense de Sarah Lotz, editado e publicado pela nossa queridinha, a Arqueiro, conta com 391 páginas de puro envolvimento e tensão. É aquele típico livro que demora um pouco até te fisgar mas que não te deixa escapar depois de ter apreendido. Até eu que não sou a maior fã de narrativas desse tipo me encontrei como uma devoradora de páginas após ter sacado a pegada do livro (ou pelo menos achado que sim). Isso porque a autora nos leva a enumerar diversas hipóteses sobre o caso das crianças sobreviventes, apresenta várias vertentes de possibilidades e no fim, quebra as expectativas de uma forma única e sensacional.

A trama se desenvolve em torno das pesquisas relacionadas ao caso das quedas dos aviões e retrata de maneira crítica questões como fanatismo religioso, abuso de poder econômico e político, invasão midiática e teorias conspiratórias sem jamais deixar de lado o quê de sobrenaturalidade típico da leitura. Dentro do livro existe um "outro livro" que é apresentado como sendo um apanhado de informações relevantes das quais Elspeth Martins (a escritora fictícia) tomou nota para tentar descobrir ou desvendar o que está por trás de todo esse fenômeno.

Eu poderia me demorar mais detalhando os pormenores da história porém as informações são todas extremamente emaranhadas umas nas outras e eu acabaria revelando a parte mais fantástica disso tudo, então deixarei apenas minha recomendação de que não percam tempo e corram para as livrarias à procura de um exemplar desse livro-funde-cérebro. Boa leitura!




domingo, 12 de outubro de 2014

Resenha - A Filha do Louco

Juliet Moreau construiu sua vida em Londres trabalhando como arrumadeira - e tentando se esquecer do escândalo que arruinou sua reputação e a de sua mãe, afinal ninguém conseguira provar que seu pai, o Dr. Moreau, fora realmente o autor daquelas sinistras experiências envolvendo seres humanos e animais. De qualquer forma, seu pai e sua mãe estavam mortos agora, portanto, os boatos e as intrigas da sociedade londrina não poderiam mais afetá- la... Mas, então, ela descobre que o Dr. Moreau continua vivo, exilado em uma remota ilha tropical e, provavelmente, fazendo suas trágicas experiências. Acompanhada por Montgomery, o belo e jovem assistente do cirurgião, e Edward, um enigmático náufrago, Juliet viaja até a ilha para descobrir até onde são verdadeiras as acusações que apontam para sua família.


"A Ilha do Dr. Moreau", livro aterrorizante e perverso de H.G.Wells lançado originalmente em 1896, foi nada menos do que a inspiração para a criação da obra literária que trago pra vocês. Tendo o mesma clima tenso e de suspense do livro de Wells e sendo ao mesmo nível psicodélico, "A Filha do Louco" (de Megan Shepherd, através da editora Novo Conceito) retrata experiências inimagináveis e desumanas a partir da ideia da produção, sim, eu disse produção, de uma nova raça. É claro que não é apenas disso que a trama diz respeito, ela trata da Londres de 1800, seus costumes e sua cultura, trata da vida da jovem aristocrata que perdeu os pais e precisou, em virtude disto, se tornar faxineira de uma famosa faculdade londrina.

Tratemos então da nossa protagonista. Filha de um médico cirurgião famoso e bem sucedido em Londres, a querida Juliet se vê só no mundo após seu pai ter sido exilado (e tido como morto) por conta de ser acusado de fazer experiências envolvendo humanos e sua mãe ser morta vítima de uma doença fatal. Acreditando que seu pai esteja vivo, a menina de apenas 16 anos decide ir atrás dele, que até então tem se escondido em uma ilha. Após o reencontro com o filho de uma de suas antigas criadas,o igualmente jovem e belo Montgomery, Juli descobre o paradeiro do tão polêmico Dr. Moreau e parte com o seu amigo de infância em busca daquele que ainda considera sua família.

Ao longo da viagem até a ilha a moça passa a desenvolver um ligeiro interesse pelo rapaz, que ainda que apaixonado por ela, tem o cuidado de não ceder à sua paixão em nome da honra e respeito da família. Durante a viagem o casal tem contato com um naufrago que resgatam piedade e que, é claro, também se apaixona por Juliet após ela ter se dedicado em curar suas feridas advindas dos dias à deriva no mar. Formado nosso romance e nosso triângulo, o trio aporta na ilha e acontece o reencontro de pai e filha.

Durante a estadia da herdeira do Dr. Moreau no que ela chama de "novo lar", a pobre menina se depara a cada dia com aberrações supostamente naturais que aguçam sua curiosidade e seu lado mais obscuro. Em busca de resposta, Juliet passa seus dias desvendando os mistérios do lugar habitado e nos convida a participar de sua investigação.

Só tenho a dizer que fiquei realmente impressionada com a ideia desenvolvida, com o modo como a autora trata a questão do bem e do mal internalizados em cada ser humano e principalmente com o desfecho. É uma narrativa alucinante, que prende, que estimula, que pede mais do leitor a cada instante e que sem dúvidas me deixou de queixo caído. Recomendo sem perguntar a quem!


sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Resenha - Amada Imortal

Primeiro livro de bem-sucedida trilogia, mistura fantasia sobre imortais a uma história moderna de jovem em busca de si mesma e de redenção. Questões de identidade e moralidade aparecem na trama, protagonizada pela imortal Nastasya. Nascida em 1551, acostumada a beber e sair para baladas cada vez mais loucas, ela perdeu o rumo. Suas conexões com outros imortais, interessados apenas em suas habilidades mágicas, a fazem partir em busca de um propósito. E o encontra em uma espécie de clínica de reabilitação para os de sua espécie, onde conhece um pouco mais sobre o próprio passado e cria importantes laços para o futuro. 








Rebelde sem causa: esse termo provavelmente foi criado para designar Nastasya, protagonista da trilogia de Cate Tiernan que teve seu primeiro exemplar Amada Imortal (do original Immortal beloved) lançado em agosto de 2012 pela Galera Records e desde então vem trazendo a magia da trama para a vida de cada leitor.

Nasty, como é habitualmente chamada por seus amigos imortais, é uma "garota" que aparenta ter 18 mas está prestes a completar 450 anos dos quais pelo menos 100 foram dedicados a inúmeras mudanças de visual, identidade, endereços e caráter. E é principalmente disso que se trata este primeiro livro: busca da moral, redenção e nova conduta.

Após ter visto um de seus amigos assassinar um motorista de táxi por diversão, apenas a custo de utilizar a magia de que são providos, Nastasya entra em profunda contradição, afinal a vida que leva não é a que deseja, apesar de ser absolutamente livre e dona de si ela se sente prisioneira de uma personalidade desconhecida.

Tomada pelo desconforto e por autoquestionamentos infinitos, a personagem decide partir em direção a River's Edge, uma espécie de fazenda/clínica de reabilitação da qual soube décadas antes após um acidente automotivo no qual a própria dona do local, a senhora River, fez um convite para que ela passasse uns dias em meditação no local.

River's Edge é afastado de tudo, um verdadeiro atraso de vida diante da primeira concepção de Nastasya. Os imortais que lá residem são responsáveis por plantar, colher, preparar e organizar tudo aquilo do que vão se alimentar. Todas as tarefas domésticas são igualmente divididas e nos espaços vagos entre elas há ainda aulas de utilização de magia. Tudo é tão oposto à vida de ressacas, baladas, moda, crueldades e conforto, mas ao mesmo tempo soa tão familiar, principalmente... Ele. O "Deus Viking" que Nasty ora ama, ora odeia. Reyn tem algo que ela precisa, algo que ela não suporta, algo que ela implora por saber de onde vem e do que se trata.

Apesar de ter inúmeros aspectos dos quais eu poderia falar durante horas, deixarei apenas o conselho de que leiam para descobrir o motivo de eu ter me prendido tanto. O livro que é narrado pela própria protagonista tem um humor sarcástico, algo bem jovem, irônico e é envolto por mistérios e paixões da mesma forma que é rodeado por intrigas e mudanças. Uma narrativa que vai fazer com que andem esbarrando em postes nas ruas, sonhando com Deuses de um metro e noventa e correndo loucos em busca do próximo livro, pois este primeiro termina com... Vou deixar pra vocês descobrirem!


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