terça-feira, 1 de abril de 2014

Resenha - Não Brinque com Fogo


Segundo Oscar Wild "A vantagem de brincar com fogo é que se aprende a não se queimar". Quando John Verdon deu início ao terceiro livro protagonizado pelo nosso velho conhecido Dave Gurney, sem dúvida incorporou a frase ao âmago dos pensamentos do detetive mais pirofágico da história dos suspenses. Apologias à parte, o livro trata-se de uma nova "missão de Gurney". Pra quem não conhece a trilogia, seus antecessores são: Eu sei o que você está pensando e Feche bem os olhos, também publicados pela Editora Arqueiro e de enorme repercussão, que apresentam casos policiais no maior estilo CSI e Criminal Minds.

Seguindo o estilo dos seriados, os livros são também "independentes" quer dizer, vocês podem ler um sem ler os outros dois, ainda que eu ache impossível porque esse é o tipo de suspense que te prende do começo ao fim, te faz roer as unhas, tomar muito café e comprar um distintivo falso pra ter direito a dar seu veredicto (que jamais estará de acordo com desfecho, diga-se de passagem). A história se passa em 2010, ano em que Kim, filha de uma amiga de Dave, está para se formar em jornalismo e decide se empenhar nos casos de um serial killer que se autointitula como Bom Pastor, por "separar as ovelhas negas do rebanho", para tese de conclusão do curso. Após seis assassinatos assinados por ele contendo sempre o mesmo perfil (pessoas da alta sociedade na direção, a noite, com o veículo em movimento) o criminoso deu por encerrado o seu "trabalho" que ocorreu nos anos 2000 sem jamais ter sido encontrado.

Kim mergulha num universo de pesquisas, entrevistas e mistérios no qual conta com Gurney para supervisionar. O detetive que já estava aposentado e sofrendo sérios sintomas de depressão após ter sido baleado em seu último caso, aceita fazer parte do projeto a princípio apenas para atender o pedido da amiga, porém coisas muito estranhas passam a acontecer a partir daí.
A garota que anteriormente possuía um namorado um tanto quanto dominador, passa a ser vítima de "brincadeiras de mau gosto" das quais acusa o ex pela autoria. Com o passar do tempo os acontecimentos passam a ficar mais "intensos" por assim dizer, e o detetive finalmente faz com que ela entenda que encontrar facas e sangue ao longo de sua casa não é o tipo de pegadinha que um ex incorformado faria.

Paralelamente a tais acontecimentos passam a ocorrer coisas do mesmo gênero na residência de Gurney e sua esposa, Madeleine, levando-o a dedicar-se com mais afinco no caso. Ao decorrer da trama surpreendentes reviravoltas farão com que tenham milhares de conceitos sobre os crimes, o criminoso e o próprio enredo, pois nesse livro, bem como nos outros, Verdon não deixou de expressar a profundidade do caso e do protagonista, que se mostra cada vez mais calculista. Essa é uma leitura que compensa muito, afinal dela se retira grandes ideais de autoconfiança e aceitação. Sem falar na reintegração que surge por parte da família em se tratando de esposa e filho (Madeleine e Kyle) e por parte do antigo parceiro de Dave, Jack Hardwick, quando a única maneira de solucionar o caso é fazer dele uma estratégia real, na qual o protagonista se entrega como isca para o assassino. 

Capa completa.
Apesar das personagens serem muito bem descritas, têm personalidades diferentes e marcantes, que é um dos aspectos que mais me agrada: apresentam uma identidade real. Minha única crítica é concedida à Kim. Apesar dela ser essencial para o desenvolvimento do processo de reestruturação da personagem principal, senti que ela foi, ao longo da narrativa, uma peça morta no tabuleiro. Ela não ajudava mas também não atrapalhava, não resolveu nada, não mudou nada, mas estava ali. Fora isso, sou só elogios ao livro. Me prendeu, me preencheu e me ganhou. Confiram e não se esqueçam desta máxima: JAMAIS IGNORE O ÓBVIO.



Resenha por Fernanda Souza

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