terça-feira, 15 de abril de 2014

Resenha - Sentel York


Sentel York: gravem bem esse nome, anotem no canto da página, risquem na parede do quarto, marquem com canivetes nas árvores (mentira, não maltratem as plantas), mas que seja, não deixem que esse nome escape. Vocês ainda vão ouvir falar dele, isso porque esse é o título de um dos melhores livros que já li em toda a minha vida (e olha que eu leio bastante e tenho um gosto bem complicado) e de quebra é nacional!

O livro de autoria de Diego de Lima, é nada menos do que GENIAL. Trazido à público pela editora Dracaena, seria com certeza um campeão de vendas se os brasileiros cultivassem o hábito de ler ficção nacional ao invés de optar sempre pelos "best sellers" internacionais. A história nos remete a um mundo totalmente diferente do que conhecemos atualmente, em uma realidade alternativa daqui a muitos anos, na qual devido as guerras por poder, mantimentos e principalmente água, a população teria se reduzido de 8 bilhões de pessoas para apenas 300 mil habitantes.

Apesar de fazer referência a Nova Iorque quando retrata a única cidade "sobrevivente" como o antigo império tecnológico, desenvolvido e financeiramente poderoso, o livro traduz a incrível capacidade criadora do brasileiro que não poupou criatividade ao longo das 257 páginas mais do que bem escritas.

 Em meio ao nada, ao caos, à selvageria é que se desenvolve a trama de múltiplos núcleos que estão intrinsecamente interligados e que só esclarecem tal fato ao fim da narrativa. Com isso quero dizer que, em dado momento da História humana, existiriam três grandes imperadores, cujos poderes se davam pela posse de armamentos, água e fonte geradora de energia. Cada um habitava um território previamente delimitado mas, sem dúvidas, como seres humanos que ainda eram, desejavam ampliá-lo para que se tornassem o único imperador de toda a cidade. Bu, desejava isso apenas para garantir que seu império não caísse caso seu gerador falhasse, M não desejava todo o poder, apenas desejava também manter-se no topo, já Chacal, ambicioso, não pouparia esforços para eliminar os dois primeiros e reinar sobre toda a Terra. E para isso precisaria de Safira, uma garotinha de 10 anos que sequer imaginava porque estava sendo brutalmente perseguida.

 Diante de toda essa loucura, Eric, um ex-militar da Força, designado a sempre salvar vidas, se empenha a cuidar da menina que entra em sua vida sem mais nem menos (aparentemente) e faz com que tudo tenha sentido. Essa fagulha de esperança, de ajuda ao próximo, cumplicidade e auxílio deixa tudo mais bonito, de modo a amolecer o coração do "andarilho de cabeça branca", como era chamado pelos "cães" de Chacal.

É nesse clima de incertezas, loucuras, guerras e reviravoltas que a narrativa se estende, fazendo com que não consigamos desgrudar os olhos do livro por um instante sequer. Os capítulos são curtos, de forma que não cansam e cada um deles retrata o que se passa em um núcleo da história até que todos os caminhos se encontram na encruzilhada final. A fonte tem tamanho ideal, o corpo do texto é bem estruturado e desenvolvido, a escrita está de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico e possui apenas dois erros que não atrapalham em nada mas devem ser verificados para a próxima impressão: a falta evidente de uma palavra em um diálogo e um erro de concordância em um dos capítulos finais.
Capa completa.

A arte da capa é muito boa e retrata bem a visão do mundo criado por Diego que até agora não me abandonou e tem me mantido embasbacada por tamanho impacto e genialidade. É uma ótima leitura e também uma ótima opção para presentear para aqueles amigos que curtem a surrealidade. Me impressione demais e posso garantir que irei em busca dos outros livros do autor: O julgamento de lampião e Os guardiões do Rei Arthur.

Resenha por Fernanda Souza.

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